Em que contexto surge o projeto SER65+?
Portugal é um dos países mais envelhecidos da UE e onde o desafio demográfico é maior. Em 2021, 22,4% da população portuguesa tinha mais de 65 anos, apenas superada por três outros estados-membros, enquanto a Espanha registava 19,8%. No entanto, o desafio demográfico é ainda maior no espaço transfronteiriço abrangido pelo SER65+, nas regiões do Centro de Portugal e da Estremadura, onde há populações particularmente envelhecidas. O índice de envelhecimento (IE) é o número de pessoas idosas por cada 100 pessoas menores de 15 anos (um valor superior a 100 indica que há mais idosos do que jovens). Dados do Instituto Nacional de Estatística revelam 224 idosos por cada 100 jovens na região Centro de Portugal em 2021 (129,2 em 2001), enquanto 178,4 (2021) era a média nacional. Nas Beiras e Serra da Estrela, uma sub-região visada especificamente pelo SER65+, a situação é ainda mais extrema, 173,5 (2001) e 330,0 (2021), o valor mais elevado da região.
O desequilíbrio demográfico acentuado dos espaços fronteiriços, afastados dos centros urbanos do litoral e das capitais das comunidades autónomas, é explicado pelo envelhecimento da população, baixa natalidade e pelo abandono rural, caracterizado pela fuga dos jovens para os centros urbanos à procura de uma melhor oferta de emprego, serviços e infraestruturas.
O projeto SER65+ reconhece estas problemáticas e pretende implementar um plano de ação que promove o envelhecimento saudável da população com mais de 50 anos de regiões de baixa densidade populacional através de medidas e práticas de cuidados integrados, da capacitação de profissionais de saúde e prestadores de cuidados e sensibilização da população idosa.
O que é o Programa de Atenção Integrada para a Pessoa Idosa (ICOPE) da Organização Mundial de Saúde?
O SER65+ irá aplicar, pela primeira vez nestas regiões, as metodologias do Programa de “Atenção Integrada para a Pessoa Idosa” (ICOPE).
A estratégia ICOPE foi desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para responder às necessidades de saúde, assim como outras necessidades das populações que envelhecem rapidamente em todo o mundo.
As abordagens convencionais aos cuidados de saúde para pessoas idosas concentram-se em condições médicas, tendo por foco o diagnóstico e a gestão das mesmas. O tratamento das doenças é realmente importante, mas devem ser também consideradas outras dificuldades, como perdas na audição, visão, memória, mobilidade e outras perdas de capacidade intrínseca que frequentemente acompanham o processo de envelhecimento. Em alguns momentos, o bem-estar de cada pessoa também pode beneficiar da identificação e gestão destes problemas. A consideração da capacidade intrínseca (combinação das capacidades físicas e mentais de um indivíduo e as suas interações com o ambiente) das pessoas idosas, em todo o sistema de saúde, contribuirá em larga escala para o bem-estar de uma parte grande (e cada vez maior) da população1.
1 – Fonte: Atenção Integrada para a Pessoa Idosa (ICOPE). Orientações sobre a avaliação centrada na pessoa e roteiros para a atenção primária. Washington, D.C.: Organização PAN Americana da Saúde; 2020. Licença: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.
Como é financiado o projeto?
O projeto SER65+: Ações multissectoriais integradas para o Suporte ao Envelhecimento saudável e Resiliente, é cofinanciado em 75% pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do Programa INTERREG VI-A Espanha-Portugal (POCTEP) 2021-2027.
Qual o território em que o projeto SER65+ vai ser desenvolvido?
O SER65+ será desenvolvido numa área de cooperação plurirregional que envolve, em Portugal, a região Centro (sub-região das Beiras e Serra da Estrela) e a região Norte (Área Metropolitana do Porto) e, em Espanha, a região da Estremadura (sub-regiões de Cáceres e de Badajoz). Contudo, é importante realçar que as atividades e ações do SER65+ irão focar-se principalmente nos espaços transfronteiriços das regiões do Centro e Estremadura que são mais afetadas pela problemática que o SER65+ pretende abordar.
Porque é importante realizar o diagnóstico multidimensional da autonomia funcional e da implementação das estratégias de cuidados integrados e promoção do envelhecimento saudável?
O diagnóstico multidimensional da autonomia funcional da população idosa e das estratégias de promoção do envelhecimento saudável permitirá adaptar as estratégias atuais e desenvolver modelos de proximidade mais efetivos na promoção do envelhecimento saudável.
Através da realização deste diagnóstico será também possível ampliar o conhecimento sobre o grau de autonomia funcional, parâmetros de saúde e qualidade vida da população mais velha de regiões de baixa densidade populacional, e da capacidade de resposta dos serviços destas regiões na prestação de cuidados integrados centrados na pessoa idosa e na prevenção da perda de autonomia funcional.
Posso ser voluntário na fase de diagnóstico da autonomia da população idosa?
Em Portugal, o recrutamento da população que será envolvida na fase de diagnóstico multidimensional da autonomia funcional será realizado através dos médicos de Medicina Geral e Familiar pertencentes à Unidade Local de Saúde da Guarda.
Pode obter mais informação sobre este recrutamento junto do seu médico de família ou Unidade de Saúde ou entrando em contacto com a equipa de investigação do projeto SER65+, através do formulário de contacto disponibilizado no website do projeto.
Mesmo se não for voluntário durante esta fase do projeto, pode sempre contribuir para o mesmo indicando as suas sugestões, maiores dificuldades que encontra na sua região em termos de acesso a cuidados de saúde, entre outros assuntos. Pode dar-nos a sua opinião através do formulário de contacto disponibilizado no website do projeto. A sua opinião é fundamental para o desenvolvimento deste projeto!
Qual a importância de desenvolver um plano de ação integrado de promoção de saúde e bem-estar da população com mais de 50 anos nas regiões transfronteiriças do SER65+?
O desenvolvimento de um plano de ação para a prevenção da perda de autonomia funcional e promoção de saúde e bem-estar da população com mais de 50 anos residente nas regiões de atuação do SER65+ é fundamental para assegurar a promoção e a criação de sinergias e desenvolvimento de ações colaborativas entre os diferentes serviços existentes nas regiões transfronteiriças. Este plano de ação integrado será elaborado em cocriação com todos os atores nas áreas da saúde, ação social e governança.
Quais as vantagens de desenvolver um ecossistema digital de monitorização da autonomia funcional e interação entre os atores envolvidos na prestação de apoio a pessoas idosas?
O desenvolvimento de um ecossistema digital de interação entre os profissionais de saúde e ação social, assim como os agentes políticos locais/regionais envolvidos na governança e na prestação de cuidados de apoio a pessoas idosas, cuidadores informais e adultos mais velhos, facilitará a monitorização e o acompanhamento integrado e centrado na pessoa idosa, contribuindo para a prevenção do declínio da autonomia funcional e promoção do envelhecimento saudável da população.
Por que motivos deve ser feita a capacitação dos sistemas de apoio à pessoa idosa, a sensibilização da comunidade (pessoas com mais de 50 anos e cuidadores) e a criação de redes de suporte comunitário?
A população residente em regiões rurais, de baixa densidade populacional ou isoladas, enfrenta problemas de acesso a programas de capacitação direcionados para a promoção de estilos de vida saudáveis, bem como dificuldades no acesso a cuidados de saúde derivados da falta de recursos humanos e financeiros. Como tal, o projeto SER65+ pretende colmatar estas lacunas através de três ações principais:
– Realização de ações de sensibilização na comunidade para o envelhecimento saudável;
– Organização de ações de formação para a utilização do ecossistema digital desenvolvido durante o projeto;
– Criação de uma rede transfronteiriça de suporte e formação para a comunidade e prestadores de cuidados a pessoas idosas.
Qual a duração do projeto?
O projeto SER65+ teve início a 01/01/2024 e será concluído até 31/12/2026.
Como será desenvolvido o projeto?
O SER65+ será liderado pelo Instituto Politécnico da Guarda e desenvolvido de forma colaborativa com todos os beneficiários e sócios, tendo em conta as suas áreas de conhecimento. A equipa integrará pelo menos um representante de cada parceiro. O trabalho será coordenado pelo Instituto Politécnico da Guarda e haverá reuniões regulares para acompanhar os diversos aspetos necessários ao projeto. O plano de trabalhos do SER65+ requer o compromisso e envolvimento de todos os parceiros nas atividades temáticas do projeto.
O projeto SER65+ está presente nas redes sociais?
O projeto SER65+ dispõe de perfis próprios nas redes sociais Facebook e LinkedIn. Este projeto também tem um canal de YouTube, onde pode encontrar mais informação sobre o mesmo.